Estamos (mal) acostumados a ver a história como lembranças do passado a serem de vez em quando revisitadas. Em realidade, falar de história é falar do tempo cronológico, aquele que flui de uma existência passada para o futuro e que [SANTO AGOSTINHO, 2002] denominou nos anos 400 de nossa era de tempo-eternidade. Infelizmente, nós humanos temos como tendência olhar o tempo apenas como uma medida de duração de um evento do tempo-presente, talvez por ser aquele que mais facilmente conseguimos entender e capturar por relógios inventados por nós, e é justamente aquele que Santo Agostinho não acreditava existir, pois para ele: “…o tempo presente não teria duração porque ocorre a cada instante e, também, porque sabemos quando começa, mas não quando termina”. Pois bem, a proposta deste trabalho é olhar historicamente para o passado para podermos entender o presente e, mesmo que tentativamente e de forma ainda que incompleta, construir um futuro melhor, conscientes de que o tempo futuro é incerto e o tempo presente é uma utopia que só se constituiria de fato quando pudesse haver o compartilhamento entre todos de tudo que aconteceu no tempo passado. Visto desta maneira, o tempo (ou a história) é uma medida da informação passada já compartilhada (conhecimento). O popular gênero de texto (trava-língua) abaixo ilustra o pouco que sabemos em relação ao tempo (à história):
“O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem”.